Lenço de Cetim


Lenço de Cetim
Ela me disse: Na boca o toque. No toque o movimento.
Servindo a fome-faminta das bocas.
Na boca o toque dos teus poros, do teu corpo á vapor de lenha queimando meus olhos acesos em seus portos.
Meus desejos oficiais de carne com carne, lembrando o cetim do teu cabelo longo em meu colo, ele e nós em cima da mesa, ele vivo em nossos balanços que era a própria mesa.
Nossos corpos flutuando nos guardanapos de cetim vermelho estendido na mesa, servindo de lençol ao prazer coberto pelos teus toques e completamente descoberto pelos nossos sexos vermelhos, da cor do cetim.
O vapor era sentido pela sua pele inalando cetim de amor. Embaçava o vidro fumê, olhos coloridos.
|Pedaços de vidro no chão deixavam o rastro da sua presença, presente.
Sempre calma, verdadeira, prevenida. Nem sempre sã, nem sempre amiga, nem vi. Quando acordei só tinha os vidros no chão. As cadeiras fora do lugar. Os meus olhos tristes, sem expressão lendo seu recado no mesmo cetim que ocultou nossos olhos na noite em que nossas peles fixavam saudade sem promessas.
No lenço letras maiúsculas e minúsculas: Guarde o lenço que cobriu nossos corpos. E lembre-se: Na boca o toque. No toque o movimento.
Eu olhei sem me mover. Li e reli varias vezes. E em cima da mesa, pensando em tudo: Os pedaços de vidro no chão, dos pratos, garrafas e taças que agora acompanhavam todo amor despedaçado junto ao lenço de cetim que rasguei, quando percebi que as cadeiras estavam de pernas para o ar.

Samir Raoni

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