TUDO-QUASE-NADA


TUDO-QUASE-NADA

Aos sonhadores a luta é uma arte onde o objetivo é a expressão interna para a libertação externa.
É comum viver em busca de algo, pois tudo começa em um mínimo grão.
Um bom sonho nos eleva em nobreza espiritual.
Um ser que vive pela matéria, morre pela matéria.
Um homem é um mar navegando em si próprio.
Um tudo-quase-nada que procura um tudo-quase-nada numa cidade que tem quase-tudo-nada.
É um móvel na sala sem mobília.
Um animal em extinção.
Somos muitas coisas. Coisas muitas. Todas elas sem começo, meio e fim.
Somos contraditórios por tudo que somos.
Claro!
Não temos certezas. Temos vivências. E esse algo-tudo-nada, nada mais vale amanhã. E quando vale já é tempo de pensar se não padronizamos a nós. E se padronizamos a nós o que fizemos do mundo? Um mar inavegável? Se o mundo não navega em si e nós não navegamos em nós, o que resta é o mar e os piratas que saqueiam os sonhos daqueles que mesmo sem remo ou navio buscam uma ilha, um porto seguro para guardar seu ouro essencial, nobreza real.
Não dando tempo de aplaudir ninguém empurramos as filas aprisionadas nas cordas dos cortiços fulminantes de loucura-normal. Sim, normal.
O normal é não ser normal. O real é uma ficção.
A verdade é uma mentira contada há muito tempo.
E eu fico guardando tudo, mas não me pergunte o que farei com o tudo-quase-nada-que-sou.
Sei que gosto de cantar no banheiro, escrever versos sem sentidos para pessoas imaginarias, tocar instrumentos que não sei tocar e mexer nos cabelos dos outros e nos próprios.
O intrigante é que as pessoas não gostam que eu mexa em seus cabelos.
Chatas? Reservadas?
Não!
Apenas não gostam.
Tem que se ter explicação para tudo? Não! Para tudo-quase-nada talvez.
- Passei a manhã toda cortando folhas secas do cajueiro das idéias nos campos de morangos. Tive vontade de sentar no chão.
Ali sentado, olhando o céu avistei um pássaro indo em direção ao cajueiro. Observando seu ato, percebi que estava fazendo um ninho. Ali tinha um engenheiro da natureza.
Aquilo era o simples-muito-encantador.
O sol formando o dia. Passando lentamente no céu formando nuvens leves, sem temor. Vou beber água. Pensei.
Antes de sair do campo aportei uma folha do cajueiro e filtrei meus pensamentos soltos.
Entendendo que ainda tenho muito-quase-tudo-para-ver-viver-ouvir-ensinar-aprender.

Comentários

  1. lindos versos para começar uma boa semana* ah! pegarnomeu*cabelo*dáumsonogostoso*eugostomuitomuito**rsrsrrsrs*

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  2. "Sei que gosto de cantar no banheiro, escrever versos sem sentidos para pessoas imaginarias, tocar instrumentos que não sei tocar e mexer nos cabelos dos outros e nos próprios.
    O intrigante é que as pessoas não gostam que eu mexa em seus cabelos.
    Chatas? Reservadas?
    Não!
    Apenas não gostam." (Hahaha! Adorei.)

    Senti no texto um tom meio narrativo, falando de si, falando dali, falando daqui, de cá e de lá. Falando de tudo que se tem que é quase nada. Um nada que nos é quase tudo.
    Gostei das palavras amor, expressivas sem reflexões exacerbadas, simples e com gosto de fruto maduro, na modéstia de sua própria cor.

    ;*

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  3. muito bom o texto samir.

    é um colirio para meus olhos ler as coisas q tu posta no teu blog.
    e além de contribuir p nosso auto-conhecimento, acho q os teus textos são ainda mais além do que minha simples compreensão.

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  4. Este seu jeito de poetizar...
    meio que pode tudo,não pode nada,
    tem tudo, mas não quer nada,
    Descontraido que distrai,
    que alerta, liberta, desperta,
    Meio que inocente, inofencivo, emotivo, verdadeiro,
    Meio sonhador,meio que guarda, ou acha que guarda,tudo meio...
    Um meio que não é meio,
    Ou melhor um nada...
    Que acha que é nada mas
    que é tudo...

    Adorei... ficaria horas aqui lendo....
    Abraços Amigo :)

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  5. A realidade eh uma ficção criada pela falta de utopia... felizes somos nós sonhadores que apesar de tudo e dos pesadelos no fim seremos exaltados, após sermos humilhados, taxados de loucos, o próprio D'us prometeu. Aqui agora chove. Num campo de morangos seria hora de comer. Cah dentro de mim eh hora de renascer. Tua beleza me inspira não soh versos mas vida.

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