aS montanhAs de quixadÁ

Faz muito tempo que eu não entro aqui para escrever intuitivamente... Ver as linhas se preencherem de mim...
Lembrei disso essa tarde nas montanhas de Quixadá, consegui ver no céu uma tarde que estava bem longe dali, mas que nos tons daquele lugar encantador existiu novamente, eram as lembranças de tardes longas e longínquas, fruto de muita viagem e lapidação poética, ao lado de profunda sensibilidade. Heitor Konrado, havia nascido em Ourem, que fica a 3 horas de Belém, onde ele estava passando um tempo, estudando. Seu autor predileto era Jorge Amado. Lembrei do nosso projeto Moinho de Palavras, lembrei das poesias que escrevemos juntos: Penitenciaria das arvores, Arquivos Abandonados..., assim como as minhas produções intimamos, transcrevendo seus sentimentos, na verdade: - pensar que se consegue transcrever precisamente aquilo que sentimos, pode ser um tanto falho, mas nos dispomos a tentar, talvez, pela necessidade pulsante, pela busca do nada, dentro de tudo que vivemos, transpiramos por essas vias infinitas dos dias, dos pensamentos, da consciência, , será coração vivendo a razão? Estamos mediando diversos sentimentos a todos os minutos, e nem sempre as coisas saem pelas vias certas, porque nem sempre sabemos definir o que é essa tal certeza, que prepotente mente nos permitimos sentir, criando um diagnostico preciso(é?) sobre o porque da infelicidade assolante que pode se tornar esse passar de tons, mesmo né...
Ter voz e não poder falar é mesmo que ter uma vida e não poder viver...
Mesmo que isso possa ser lido e levado para diversas interpretações, eu penso ter um rascunho um tanto mais caminhante sobre o que estou dizendo neste momento, pois é da naturalidade do dialogo e das mais diversas formas de contato com o outro que conseguimos pertencer, sendo um grande portal, conduzido pela energia vital.
Lembrei do Poeta e Amigo Heitor (acho), por todo essa energia que cultivamos naquelas tardes que resignificavamos nosso pertencer, vendo a transição da tarde para a noite, e os tons raios da juventude nas praças, com um orçamento que nos dava grande possibilidade criativa, transformando o cotidiano da cidade em um cenário fértil para nossas compusividades poética e sentimental, compartilhadas, transformando-as em um pilar de uma amizade que prometeu ser para sempre, pois nossos escritos, soma de dois universos mataforicos e poéticos: Tinta de Vida e Moinho de Palavras, criando uma nova linha de expressão colaborativa, reação química que se entendia como Moinho de Tinta, eternizando nossa amizade através destas produções, linha pensamento inicial de mim, linha penamento inicial dele.
Depois dessas tardes que rememorei fazendo uma grande viagem ao fundo de uma coisa ue pude reconhecer como estrutural parte de mim, cantando no meio das montanhas de Quixadá para os ventos, dando voz ao sorriso, naquela tarde ensolarada, seca, viva em que eu estava interagindo, permitindo as vias e as direções de meu lugar no mundo, sem ter de falar uma palavra, ver as coisas se arrumando e desarrumando, uma relação in e out, lá e cá, égua e océ, porque pensei nisso tudo aqui nessa cidade de profundos mistérios que mesmo sendo tão perto de Fortaleza, guarda e seu vento sementes de uma dimensão não comum, e que sopra uma cura...
Todos os dias eu quero me perdoar por ser sempre muito mais espirito do que política. E isso só começa a tirar o que não faz mais sentido das costas e ouvir os ecos interiores, essa sinfonia celeste em que vivemos quando nos entregamos para o processo de sincronicidade. Todo esta relacionado, pois as raízes de uma floresta não em uma separação do que é eu e do que é tu, tudo se co-relaciona na medida que a vida se alimento das pequenezas as grandezas..
Vou ficar mais um dia aqui, pois eu tenho de ir nesse santuário no alto da montanha, subir mais de cem degraus de pedra, e tentar ler o que o tom da tarde de amanhã tem para mim... Além da vontade de ter aquele olhar sereno do meu lado quando não estamos nem dento, nem fora do eixo, mas quando o eixo é nós mesmos e esse no céu infinito de um azul otimista e composto por perguntas, não por respostas.

Samir Raoni

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