LENTE CRUA DE REGISTRO



Esse vento de rio
leva as águas por onde
passa meu olhar.
Lente crua de registro
dos caminhos seguidos por necessidade
ou opção.
As vezes sinto que me encontro
por outros tempos de mim.
As vezes me perco sem consegui
achar vestígios dos caminhos
por onde passei...
Se achar é um momento de satisfação!
Se perder é conseqüência da necessidade de querer se achar,
continuar se buscando.
Com olhos nem sempre focadas nas coisas que
passam pelos horizontes embaçados de minha
consciência nem sempre lucida,
escura e vulgar.
Olhos que mais parecem luminárias publicas,
aquelas que as vezes apagam deixando tudo no escuro.
Focando meu olhar no céu vejo o registro cru nascer o dia
que ate ontem passava sem revelar o negativo da memória
bruta, brutalizada pelo flash inexistente do adeus.
No dia que começa as nuvens passam
deixando em seus vestígios o calor purpura da tarde..
As vezes a chuva cai – suas gotas escorrem
em meu tecido, molhando a pele negra
despejada no asfalto das palavras de uma
narrativa incompleta...
O olhar cru se jogou sobre a mesa forrada com papel
branco preenchido pelas palavras resumidas
do grito que tocou a loucura
mas não libertou o olhar cru que apenas
resumiu o registro daquilo que passou
sem nem ao menos se apresentar.

Samir Raoni
25 de Março de 2009

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