O DIA QUE ESSE AMOR NASCEU


Foto: Stella Brazil

O DIA QUE ESSE AMOR NASCEU

Eu lembro do dia que esse amor nasceu
tínhamos acabodo de dar vida a um outro amor,
que logo bebeu a lua trazendo a luz e o céu
para os olhos...
Lembro como ele estava trajado
A musica que ele dançou
Sua forma de caminhar, seu cheiro:
sua voz ficou ecoando em mim durante
dias, lembro que meu primeiro
contato com ele foi por um distraído olhar,
estava se movimentando com seu corpo
em cima de uma escada presa no teto da sala
fazendo contorcionismo
te vi como uma ave que sem saber voar
se jogou sem medo ao alcance
de onde seu delírio alcançava
sua blusa de botão e algodão.
Lembro que sorria para as luzes
da noite que naquele dia estava
reluzente.
Lembro que esse amor nasceu em um dia
de lua crescente,
estávamos todos atoa,
atuando na noite sem perceber que enquanto
esse amor nascia, tantos outros nasciam ao mesmo
tempo.
Será que podíamos dizer que nosso amor
nasceu de fato depois de tantos corpos
vestirem esse sentimento tão perdido,
tão mentido,
as vezes disfaçado de mesquinho?
podíamos dizer que algo nasceu
sem nada ter morrido?
Era um dia de nascimento por saber
que nunca tinha sentido meu peito apertar,
minha respiração mudar sua pulsação
deixando de oxigenar meu celebro.
Lembro que ficamos confusos
sem saber o que dizer
ficamos parados um na frente do outro
eu e meu olhar desafiador, sem certeza...
E você com sua blusa de botão de algodão,
o ambiente dizia que podíamos ousar,
mas não sabíamos agir, reagir
com todas aquelas sensações não comuns...
Lembro veemente quando a musica
começou, você levantou-se, atravessou
os corpos que nos separavam
falou debaixo da minha orelha: psipsi
Eu respondi bem baixinho: psipsi
Você segurou minha cintura, meu corpo com firmeza
seu toque era do jeito que eu imaginava
seu tamanho, seu cheiro, sua temperatura.
Lembro que me conduziu como se conhecesse
todos os meus tamanhos
como se estivesse
me dominando em um outro plano da existência
dos corpos ascendendo como brasas em fogueira
queimadas pela lenha de olhos que sem percebermos
começaram a desabotoar sua blusa de botão e algodão
coloquei sua calcinha para o lado tocando na cavidade
das tuas curvas,
desenhei sua nudez e acariciei
sua flor nascente de amor nascido
no jardim secreto, totalmente conhecido por meu sexo.
Encostando-te na parede virei-a de costas
ouvindo seu coração bater, bater
estávamos ofegantes, delirantes
quando começamos a subir e descer nas ondas
dos corpos entregues a natureza faminta de almas
lembradas de um tempo marcado em outro plano
contada por almas reencontradas pelos olhos
que mesmo navegando nas infinitas trilhas, existências da vida,
lembra o dia que esse amor nasceu com todos os seus
timbres, toques e trajes.

Samir Raoni
28 de Dezembro de 2009

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