CAMISA-DE-FORÇA







CAMISA-DE-FORÇA

O som das folhas caindo bem leves no alto da goiabeira. Lucas sonhava com bosques e cachoeiras banhada por corredeiras que fazia Lucas correr o mais rápido que podia. Rápido como uma bala. Córregos congelados, por condutores de energia, conclusão: A vida é um choque de sentimentos. Ele acredita que a crença do criador, conduziu a história corrompida pelo córrego de sangue das guerras, dos conflitos que para todo caso, convence todos com ar de criação, conduta, cólera... Conto de fadas em moda cristalina do vomito doce da moral. E da carta mais escrita em latido do que em latim. Forçou Lucas em sua escrivaninha a relatar os perigos e os sonhos reais que tem dentro da camisa de força, tudo real num tom de irrealidade, pois a realidade é criada por nós e estamos sempre amortecendo-nos com ópio em sentimentos dopados pela incerteza do que é de fato viver. Em suas anotações quase perdidas dentro de sua perdida cabeça, encontrava motivos para entrar na camisa de força. Ele na vida imediata estava perdido mais essa camisa acabava por libertar Lucas de sua prisão que tremia o céu de sua harmonia infernal. Em sua intensa e fabulosa forma de ser; Suas palavras confortantes ao papel e abalável em sua cabeça inabalável pela bala do sistema neural, sistema nervoso, sistema respiratório, sistema cardíaco, sistema social. Ele não se via. E quando se via, sentava-se nu. Sozinho e sem vontade de se ver. Colocado numa maleta psiquiátrica viu a história ganhar personagens “imaginários“. Não tinha certeza da sua clareza mental, de sua sóbria conduta mental; Tinha mínima certeza, e ela se distanciava a cada momento que ele se aproximava de si. Não tinha certeza se era boa ou ruim essa pulsação incondicional de sentimentos. Não sabia se era ele mesmo quem escrevia essa Folha, ou simplesmente sentia a folhagem de alguém que lhe desfolhou, deixando seus dias como uma arvore seca.
Lucas ao contrario é ‘sacul’. Sou um sacul cheio de sonhos vazios, sou Lucas, o vácuo nobre da madrugada.
Movimentando os anéis dos dedos tolos da escrivaninha empoeirada do relato da loucura, eu, Lucas Lopes Lizardo, vejo o mundo passar lento, rápido, confuso...

Samir Raoni, 01 de setembro de 2008

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