NA SALA

NA SALA
Esta escrevendo as ranhuras dos corações.
Somos um poço bem profundo, que ainda sim transborda sentimentos perdidos na sala, na vida.
Cada dia mais vivo. Mais pleno. Vida cheia de coisas e acontecidos. Muitos acontecidos dentro de um dia. Dia de ontem que virou hoje. Coisas de hoje que tornamo-nos ontem.
Coisa que sempre somos.
Na sala estamos nos amando. Na sala esperamos o amor renascer para os homens que estão longe do sentimento que a cada dia mais raro esta.
Essa sala esta cheio de idéias, sonhos, planos que acordaram de uma dose de sonífero social.
Essa sala tem famílias famintas por sorrisos nobres.
Essa sala tem sorte!
Tem morte!
Tem tudo que vale mais que o todo podre do bolo morto de chá das cinco que na sala espera sua vez. As torradas servidas em pratos sujos pela esponja social que não limpou o medo. Medo esse que na sala serve-nos o tempo perdido por corpos fedidos. Tudo na sala de estar. Tudo na sala que estamos a séculos.
Tudo na sala dos vampiros;
Tudo na sala da desilusão.
Partidos oprimidos pelas salas de decisões políticas, polidas pelos cafés das empregadas exploradas, que limpam a sala com cheques em branco, com mancha negra. O Petróleo nessa sala é vivo em recompensa, e todo mundo achando que pensa!
Pensamentos fanáticos. Pobres farmácias, drogarias da depressão dos consultórios clínicos que a força dopam a camisa-de-força do poetas falidos da nova era. Dos livros de auto-ajuda que vendem mais que a MC-Donalds. Esse lanche é feito na sala da miséria de esmolas azul, verde, amarela, as cores da nossa bandeira que o branco da paz não herdou. E tudo isso me remete a perguntas, a formas de viver e entender o que é a vida. E sentado na minha sala sem cadeiras, sofá, amigo ou família vejo esse filme passar sem saber quem dirige esse roteiro, esse arroto de coca-cola com pizza gelada, aquecida pelo microonda em vinte e quatros minutos. Aquece o pulso que não garante o impulso para acordar nessa sala cheio de consumo. Na sala estamos e entendemos que é na sala que as famílias assistem as novelas da globo. O globo atolado no desgosto do final assistido por moradores das ruas.
Os subsídios rurais não servem para o Iraque. O bilanden é bolsista e sabe falar inglês, sabe falar com bush, e ele desenbusha o que a sala tem a falar.
A áfrica esta em conflito ocorrido pelo medo oprimido dos corações incompreendidos, varridos pelo alimento faminto oriundo por motivo de tropas militares apresentados no quartel da desigualdade.
E tudo isto sendo visto na sala.
Essa sala esta viva
Essa sala é a sala da vida.

Samir Raoni 15 de Setembro de 2008

Comentários

  1. “Inspirado em [sala de estar] de uma grandiosa e bela poeta que tanto tenho o prazer de conhecer, compartilhar, aprender, La-Rocque um terno beijo cheio de carinho. Que continues com essa sensibilidade poética que contagia meu coração”
    (Tinta Imaginaria)

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  2. Se cada um de nós pudéssemos sair de nossas salas-de-estar, de nossos observatórios internos plenos de consciência, com um sorriso, com as idéias e com o toque do seu texto, poderiamos construir salas de vidas maiores de diginidade; salas para a vida mais vivas de sentido; com salas de jantar fartas de comidas, e mais nobres de alimento. Como mais uma vez, estou orgulhosa de você, meu amor.

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