Garça Solitária


Garça Solitária

O bando sobrevoava o forte do castelo
Plainavam em grupos de três, quatro, cinco garças.
Sentiam o vento com experiência e belos movimentos de caça.
Deslocando atrás de alimento nas águas barrentas da Bahia do Guajará.
Depois de conseguir com vitória seu banquete, iam para o navio histórico de guerra do Pará.
Olhar essas aves cumpridas: pernas, pescoço, bico e penas - que a olho nu é tudo igual, sem distinção. Porém, para um observador atento o mais importante não é a caça.
Solitária, ocupava uma visão panorâmica. Observava o bando e tudo mais que ali desposto estava em paisagem urbana-natural.
O vento soprava. As águas agitadas trafegavam navios, navios que trafegavam pessoas, pessoas que observavam as poucas nuvens que existiam no céu.
As aves da alvorada mais uma vez foram ao mar dos ventos soltos em bandos vistosos. E ali intacta a garça se fez diferente.
Olhava fixamente ao horizonte que nesse momento trazia os rastros da sonolenta tarde que namorando o céu purpura-azul incapturável por todos e assim se fazendo viva. Ela percebendo o vazio do bando não sentou-se para o banquete, observou atenta o bando o céu mudando tom em tom.
O navio de guerra parecia estar preparado para sair do porto, ou assim esperará um dia. Todas as garças voavam no céu cego de rotina. Ela, porém, observava o vôo monótono de todo o bando. Observava fixa os olhos no sol que descia no horizonte sem fim.
Sem avisar erguesse para frente abrindo as asas do pico em que estava, em que via tudo passar, acontecer. Abria as asas para o horizonte mudo que agora sorria em convite franco. Aceitando aqueles olhos refletidos no Guajará voou sem nem olhar para trás.
A garça solitária foi em busca de novos picos de observação. E lá permanecerá ate estar preparado para voar novamente, alcançando o céu de sua solidão que com seus vôos não perpetua sua alma, que vive rumo a novos pontos de vista. Pontos sem desaponto, pontos menos solitários.

Samir Raoni: “Somos aves em vento de buscas sortidas em dias de observações”.

Comentários

  1. SOBRE A POESIA:
    Garça Solitária foi escrita da forma mais bruta e poetica possivel. Ela nasceu de uma observação real de uma garça isolada de um bando. Esta eu no palafita olhando o horizonte e vedondo o sol nascer com toda aquela energia que a bahia do guajará nos oferece. Essa prosa poética é fiel a real poesia que no ato da sensibilidade forma a expressão viva. Viva por que nesse momento ela nasce com tudo que ali na sua observação nasce.
    A poesia assume tantas formas... E todas elas são resutados sentidos e humildemente traduzidos por nossas poucas palavras sortidas gerando assim um pouco mais de vida.

    Espero que os meus leitores comentem essa simples Garça que junto quer voar com o bando poético.

    Samir Raoni

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  2. "A garça solitária foi em busca de novos picos de observação"... sim sou eu...

    Primeiramente, tive a sensação exata de que estavas observado a cena. Como naquele album do meu orkut, em que observo um bando.
    Sabia que era uma observação que causou impacto ou o contrário... que de tão simples e natural, apenas nasceu...

    Muito bonito... sou sim uma ave...
    deixe-me voar...

    miCA

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