CULTO AO RIM: CECÍLIA JAZZ



CULTO AO RIM: CECÍLIA JAZZ


Buscávamos a incerteza de ser - Estávamos todos na esfera da madrugada solida.
Depois de caminhar certo tempo, cruzando ruas e avenidas chegamos ao Bar B.
Copos sobre a mesa. Alguém anunciou – um brinde a memória oculta da madrugada – Todos ergueram os copos - e entre tim, tim, tim... os contrastes esboçaram sorrisos lustrosos em uma turnê psicodélica sem voltas.
A história se escrevia ao som de Culto ao Rim, um jazz urbano, com influência clássica e moderna. Dela, a janela colorida, se via as floridas saias e vestidos com tons de Cecília. Aquarela com modos de ver a janela do Jazz que virou-a, Ela, no outro Pará de minha travessia, vista de corpo inteiro, por luneta esguia de minha inclinação proposital em sua mesa dançante. Mesa onde o copo falava o verbo da madrugada, que nada tinha para oferecer, a não ser, segredos folclóricos – E esses é patrimônio da humanidade, dádiva de desejo, vontade em combate – que nessa travessia se fez novamente madrugada, e nas falas pouco poéticas arrebatou um beijo da boca prometida de Cecília.



Ela mordia forte os lábios de espuma.
Da noite, noite, acordada nua...
De pele morena, sábia, convite do amanhecer...
Ser de alma terna, eterna pluma de ter...
- É assim que a noite canta a alegoria na confraria de nuvens de blues, jazz, rock subversivo.
Cecília estava acompanhada da noite. E dançava, dançava, dançava sem parar...
De tanto que dançou a mesa polia sua dança, arranhando a madeira do chão, que o salão ensurdecia com todos os corpos em movimento ao mesmo tempo. A esfera estava tão fervescente, que os músicos saíram do palco, entraram na roda e um estranho ritual começou ao som de um saxofonista. - Todos soltaram as blusas uns dos outros. As mãos escorriam sem pudor pelos seios rosados de Cecília e todos que pediam para ser tocados pelos apertos absurdamente desprevenidos de certeza de saber, se era certo permitir tantas mãos de uma só vez acariciar a nudez do corpo que sempre fora ensinado ter controle... Agora era o descontrole que fazia as bocas mordiscarem os ombros, os pescoços e as coxas de Cecília que em algumas mesas se cruzavam como dança africana, como um ritual, cama Sutra.
Era o sublime escorrendo quente. As trombetas do sax, bateria, baixo e flauta...
(O silêncio se estabeleceu)
A verdadeira natureza sublime do prazer estava ali, desinibida, sorrindo com sinceridade. O que aconteceu no lado b do salão ate hoje não se sabe explicar... Sabe-se apenas que naquele mar nupcial, a verdadeira natureza humana provou que a arte de se descobrir existe, mesmo quando todos anunciavam ser mito!

Samir Raoni, 04 de Setembro , São Paulo

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