RIOS QUE CORREM NO MAR



RIOS QUE CORREM NO MAR

Vejo e não vejo.
toco e não toco.
sinto e não sinto.
vejo, toco e sinto você.

as sensações não devem ser escritas
- tens a sensibilidade e a alma de uma artista,
e nessa alma o abstrato fala mais que as definições.
Se sentes o mundo e tenta sempre traduzir a alma das coisas
e dos seres que vivem nele, apenas pela ótica estética
não conseguirás ver nada.
Veras e não veras...

Toco
na tela que te compõe,
aquarela, janela de vidro,
janela com vista para o jardim do sorriso
acordado como perolá do anoitecer

Tocamos e cantamos naquela noite, Lembra?
Você estava com o lírio em seus olhos.
Sintia as veias do coração acordarem as borboletas
pulsantes do teu tom,
batendo as asas, voando para o norte
semente plantada e regada
colhida e compartilhada com os filhos do sol
esse que se fez tão cúmplice do nosso sentir.

Vejo, toco e sinto você
tão leve quanto o pulsar natural do rio
que segue seu o traço do Marajó
sem mudar a natureza que em nós habita
permitindo que os nossos mares se encontrem
como a afluente de dois rios
matos e raoni, eles navegantes
de mares que dão sentido a vida.

Samir Raoni, Setembro, Belém

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