SUBJETIVO SER

Terminei o dia de trabalho
e fui para o horto, não
tinha marcado com ninguém
especificamente, mas o bom é
que sempre se encontra todos que
se deve encontrar, assim, na hora,
por acaso...
estavam presentes muitos queridos
seres, amigos, todos reunidos, proseando
cumprimentei todos que ali estavam
com carinho e entusiasmo, pois estava feliz,
repleto de desejo de comungar, prosear nos olhos,
acompanhado de boas risadas e cerveja.
A composição daquele corpo (se é que
assim podemos nominar algo tão multante)
que cheio de pé, braço, perna, mão mexia na farinha
dando luz aos porós da pele coletiva que se embutia
em todas aquelas resenhas experimentais
de musica, poesia e os cênicos movimentos...
fez ver que bem ali na fronteira daquelas expressões
existia a sexta-feira e sua frondosa
lua cheia,
lua que movimenta todas
as moléculas hidrogenadas dos homens
com encanto e magia...
Foi assim que Barbara entrou na cena do olhar
carregada de tanto mundo,
fomos tantos substantivos indefinidos, tanta voz
querendo acalmar aquilo que deixava o coração
apertado, a respiração formigando, dando vontade
de fugir... Eu olhei para um lado, pois sentia uma voz
nos guiando, nos tirando da “multidão”,
deixamos para trás todos os ecos que todas as vozes reproduziam,
passo por passo, e o silêncio veio acalmando,
e o sorriso foi brotando, e as ondas magnéticas da lua
começou a agir sobre todos, a orquestra leve do teu cabelo
embaraçado afinava a sensibilidade fraterna de ir
ouvindo tua beleza com uma maestria espiritual, sim,
completamente espiritual, pois a chuva que dias antes tinha
molhado meu rosto estava injetado em minha garganta uma
leve irritação, que ao entrar em contato com a fonte límpida
existente em ti, comecei a purificar-me, expurgar toda a toxina
existente. Purificando a cada micro-tecido
que existe em minha estrutura humanóide...
Você soprava em meu rosto e falava bem baixinho que
ia passar, que logo eu estaria completamente curado, que esse
amor ia acalmar o mar que afrontava os navios
dos dias que ambos, eu e vc, tínhamos em alto-mar...
juntos estávamos re-conhecendo os caminhos a seguir...
Na praça ficamos colorindo estrelas que brincando
de se esconder dentro do teu olhar me alegrava,
me hipnotizando, me lançava uma segurança que por si só
já me deixava vivo...
E a lua ali, depois de ter atravessado o céu,
aluminando o nada que pode ser tudo no mundo
onde a sensibilidade mais real é a que se apresenta nos planos
mais sutis, trazendo ciclos cíclicos da vida,
soma de caminho feito a grãos...
feito de cada célula que percebe o amanhecer raiando,
desenhando sem economizar beleza as nuvens,
e o tom das folhas, ainda pingando as gotículas
da noite que se perpetuou naquele céu prateado,
naquele amanhecer aluminado,
naquele abraço apertado,
naquele beijo apaixonado,
naquele verso inacabado,
sorriso entusiasmado,
carinho que não acaba de tanto bem que é estar ao seu lado,
libertando meu espirito antes no cadeado, hoje livre
para dar todos os saltos e ser plenamente feliz
(se possível ao seu lado).

Samir Raoni
29 de maio de 2010

Comentários

Postagens mais visitadas